terça-feira, 28 de setembro de 2010

A Vocação Espiritual do Pastor


“A única ‘ambição’ que o pastor deve ter é de ser considerado fiel, pois, [...] a honra mais excelente que pode sobrevir a um pastor piedoso é ser ele considerado um bom ministro de Cristo, de tal modo que, durante todo o seu ministério, não tenha ele outro alvo além desse” CALVINO, João. As Pastorais, São Paulo, Paracletos, 1998, p. 116. 


“A última pessoa de quem se espera ouvir falar de crise pessoal é o pastor. A imagem que se forjou do sacerdote em séculos de história cristã aponta para uma figura praticamente imaculada, imune a vacilações, tão sólida em suas estruturas internas quanto o próprio Cristo. Na prática, porém, suas fragilidades se revelam – às vezes, em episódios cruciais para seu ministério. Em certo momento da vida, o pastor Eugene Peterson passou por este conflito. Descobriu que, ao contrário do que pensava, sua identidade como ‘crente’ e sua vocação como ‘pastor’ não andavam necessariamente de mãos dadas. Viu-se diante do que chamou ‘grande abismo’, numa alusão a Lucas 16:26. E foi naquele momento que clamou a Deus e redescobriu a espiritualidade própria do chamado que recebera.
                            “A vocação espiritual do pastor, publicado anteriormente pela United Press sob o título À sombra da planta imprevisível, é o relato dessa experiência decisiva, que Peterson compartilha a partir

de uma reflexão sobre a personalidade de Jonas e a contenda que travou com sua vocação. Com a autoridade adquirida em anos de prática e uma bagagem acadêmica considerável, Peterson desconstrói mitos e resgata a essência do chamado pastoral, abordando questões que envolvem o labor ministerial e a espiritualidade toda própria que ele pressupõe”   (Fonte: Mundo Cristão). 
A mensagem central do livro de Peterson é uma admoestação ao reconhecimento do pastorado como um chamado vocacional e ministerial, refletindo acerca dos principais problemas dos pastores para não disser da liderança cristã, retomando de forma coerente e profunda a centralidade de um chamado de autonegação: ao invés de uma carreira, ou de uma loja de espiritualidade.
É muito interessante o início do livro onde o autor se encontra num conflito entre a fé cristã e o chamado pastoral, onde o que parecia tão evolutivo se tornar em determinado ponto de ser ao contrario. O que eu compartilhava da mesma visão do autor ao pensar, que ser cristão iria caminhar na mesma direção de ser pastor, entretanto esta colocação do autor foi inicialmente conflitante.

O livro fala de diversos aspectos, a eventualidade da influencia pós-moderna nas igrejas gerou um contexto histórico muito interessante e crítico para não disser decadente, ao perceber se no centro deste redemoinho, os Estados Unidos, imagino a dificuldade e os conflitos que Peterson deve ter enfrentado no caminho à redescoberta do seu chamado pastoral como muitos hoje faz no dias atuais.
A ditadura da aparência, do bom marketing e do american way of life são um prato cheio para quem deseja ter uma vida de sucesso, uma ótima carreira, um encontro com sonhada Tarsis, não obstante, nada além de um sepulcro caiado.
A visão romântica do chamado pastoral é certamente uma constante no meio evangélico e porque não ser sincero o suficiente para afirmar que estive dentro deste contingente. Certamente a vocação pastoral pregada atualmente é uma posição de poder e status, onde as multidões e os milagres são os alvos. Ao se confrontar com as suas experiências de pastorado, o Pastor Eugene Peterson afirma que a vocação espiritual não é um encanto pessoal não é uma viagem turística e Tarsis é uma mentira.
Certamente é muito fácil pregar para as multidões e fazer um bom marketing de si mesmo, basta ter dinheiro e uma boa retórica, mas e onde fica o envolvimento pessoal? O mano a mano, a complexidade de relações que somente a vivência nos traz?
Na realidade é muito fácil não se relacionar na sociedade do descartável. Aliás, este é um padrão a ser seguido! A religiosidade fast-food, sem identidade, sem caráter, descartável, do valor de troca, e do “me dá o teu dinheiro que eu te dou meu Deus”. Uma religiosidade sem vida, como numa foto, uma miragem, e por que revelar nossas rugas se todos temos um programa que arrumamos essa foto (photoshop)? É mais fácil pintar uma igreja sem mácula e sem rugas usando meios de subterfúgio.
É muito confortante saber que não existe Tarsis, Melhor ainda é aceitar que ela não existe. Tarsis é uma história fantasiosa, uma lenda, um mito, é uma farsa criada por nos mesmo. Esse é um dos motivos que torna a passagem de Jonas um acontecimento tão engraçado.
Primeiro, pelo profeta que tenta fugir da presença de Deus, e neste ponto vale ressaltar o que o Pastor Eugene Peterson trata quando faz uma relação entre a palavra “presença” de origem aramaica que significa literalmente estar diante da face de alguém. Neste sentido, o Pastor Eugene Peterson nos compara aos bebês que encontram no cotidiano do olhar de seus pais o aprendizado através da experiência vivida: o conforto, o cuidado e a repreensão.
Outra afirmação do pastor que veio desmoronar minha visão romântica da vocação pastoral foi: “a piedade não garante um bom trabalho pastoral”. Pensei eu: como assim? Para mim o Pastor deveria ser integralmente piedade, mas um pensamento um tanto árcade, certamente um golpe da minha falta de discernimento.
A pornografia eclesiástica esse ponto é fundamental pra nosso dias de hoje, é muito comum e a idolatria à vocação pastoral encontram-se como armas “que o diabo adora” não uma coisa visivelmente má, mas uma arma aparentemente boa e sutil, um “bem aparente” como afirma Pastor Eugene Peterson. Muitas vezes, aquele que traz a revelação da palavra de Deus se coloca no lugar do deus que está falando a palavra.
O texto do Pastor Eugene Peterson revela uma poderosa capacidade de escrita, uma escrita temperada, um referencial oscilando entre a narrativa, a desconstrução argumentativa e a crítica. Passando seus exemplos de vida, como o do seu ministério, sua infância no açougue e a vida de sua mãe. Exemplos Bíblicos como o de Jonas e da literatura mundial como os livros de “Dostoievisk”.
È interessante também observar as metáforas muito bem utilizadas pelo autor como: a ilusão de Tarsis a um monte de ostras agarradas ao casco de um navio, elas atribuem à obra um valor poético e exigem a reflexão do leitor para captar o sentido que o Pastor Eugene Peterson pretendeu dar ao estabelecer suas comparações.
Ao considerar estas questões obviamente não excluo toda importância do “conteúdo do livro” em detrimento da grande qualidade de “escrita do livro”, mas vislumbrando a integridade da obra, penso que é um livro exemplar, tanto no contexto teológico, como de escrita e porque não disser poético.

Adptado Por: Alexandre Pitante Filho

2 comentários:

  1. Parece ser muito bom mesmo. só dele falar a cerca dos principais problemas dos pastores ou seja liderança cristã, retomando a centralidade de autonegação ao invés de uma carreira, isso já mostra a sua importância. Paz querido!

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  2. Parabens pelo blog!!!!
    continui assim vamos levar a palavra de Deus para o mundo inteiro atraves da internet, e pro todos os meios de comunicação pois como esta escrito
    em:Marcos 16/15 Ide por todo o mundo,pregai o evagelho a toda criatura. estou seguindo o blog fique na paz do senhor.

    http://seguindoadeus.blogspot.com

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