quarta-feira, 18 de maio de 2011

SEMELHANÇA ENTRE CRISTIANISMO E PATRÍSTICA


       
     Patrística é o corpo doutrinário que se constituiu com a colaboração dos primeiros pais da igreja, veiculado em toda a literatura cristã produzida entre os séculos II e VIII, exceto o Novo Testamento. O título “Pai” surgiu devido à reverência que muitos cristãos tinham pelos bispos dos primeiros séculos. A estes chamavam carinhosamente de “Pais” devido ao amor e zelo que tinham pela Igreja, mais tarde, porém, este termo foi sacralizado pelos escritores eclesiásticos e mais tarde Gregório VII reivindicou com exclusividade o termo “Papa”, ou seja, “Pai dos pais”.
            No final do século I com a morre do último dos apóstolos, João, em Éfeso, terminava a era apostólica e começava um novo período para a igreja. O chamado período Pós-Apostólico de intenso desenvolvimento do pensamento cristão. É importância analisar a doutrina dos chamados “pais da igreja”, pois, foram responsáveis pela teologia que até hoje serve como base para a Igreja.
   
         Do século II até o século IV, nomes como o de Clemente de Roma, Clemente de Alexandria, Inácio de Antioquia, Policarpo, Justino o mártir, Irineu de Lião, Origines, Tertuliano e outros, foram os responsáveis por transmitir os ensinamentos bíblicos a Igreja. Entretanto, esses não ficaram isentos de erros e até mesmo foram considerados como heréticos. Origines, por exemplo, teve muitos de seus ensinos condenados pelo II concílio de Constantinopla em 553.
            O conteúdo do Evangelho, apoio da fé cristã nos primórdios do cristianismo, era um saber de salvação, revelado e não sustentado por uma filosofia. Na luta contra o paganismo greco-romano e contra as heresias surgidas entre os próprios cristãos, os pais da igreja compelidos, recorreram ao pensamento racional, nos moldes da filosofia grega clássica, e por meio dele procuraram dar consistência lógica à doutrina cristã.
            O cristianismo romano atribuía importância maior à fé; mas entre os pais da igreja oriental, cujo centro era a Grécia, o papel desempenhado pela razão filosófica era muito mais amplo e profundo. Os primeiros escritos patrísticos falavam de martírios, como A paixão de Perpétua e Felicidade, escrito em Cartago por volta de 202, durante o período em que sua autora, Perpétua, aguardava execução por se recusar a renegar a fé cristã. Nos séculos II e III surgiram muitos relatos apócrifos que romantizavam a vida de Cristo e os feitos dos apóstolos.

SEMELHANÇA ENTRE CRISTIANISMO E PATRÍSTICA 
            Patrística é o nome dado à filosofia cristã dos primeiros séculos, elaborada pelos Pais da Igreja e pelos escritores escoláticos, consiste na elaboração doutrinal das verdades de fé do Cristianismo e na sua defesa contra os ataques "pagãos" e contra as heresias. Quando o Cristianismo, para defender-se de ataques polêmicos, teve de esclarecer os próprios pressupostos, apresentou-se como a expressão terminada da verdade que a filosofia grega havia buscado, mas não tinha sido capaz de encontrar plenamente.
            De um lado se procura interpretar o Cristianismo mediante conceitos tomados da filosofia grega, do outro reporta-se ao significado que esta última dá ao Cristianismo. Os primeiros pensadores cristãos, também se debateram com os filósofos como Platão e Aristóteles, sobretudo, com os estóicos e com os epicureus. Sem perder de vista os ideais da doutrina cristã, buscaram encontrar, frente à Filosofia e aos filósofos, o lugar apropriado da reflexão filosófica e do pensar cristão.
 “É comum a afirmação de que o Cristianismo primitivo sofreu influências de vários setores da Filosofia Grega - de Platão, de Aristóteles, dos epicuristas e dos estóicos - sem que se determine claramente a amplitude e os limites de tais influências. Também é comum dizer-se que os filósofos convertidos ao Cristianismo buscaram dar à doutrina cristã um status filosófico, mas sem o cuidado de salientar as fontes das quais se serviram ou sem analisar os conceitos dos quais se apropriaram...”
            Em meados do século II, os cristãos passaram a escrever para justificar sua obediência ao Império Romano e combater as ideias gnósticas, que consideravam heréticas. Os principais autores desse período foram Justino mártir, professor cristão condenado à morte em Roma por volta do ano 165; Taciano, inimigo da filosofia; Atenágoras; e Teófilo de Antioquia. Entre os gnósticos, destacaram-se Marcião, que rejeitava o judaísmo e considerava antitéticos o Antigo e o Novo Testamento.
            No século III floresceram Orígenes, que elaborou tratado sobre as principais doutrinas da teologia cristã e escreveu Contra Celsum e Sobre os princípios; Clemente de Alexandria, que em sua Stromata expôs a tese segundo a filosofia; e Tertuliano de Cartago. A partir do Concílio de Nicéia, realizado no ano 325, o cristianismo deixou de ser a crença de uma minoria perseguida para se transformar em religião oficial do Império Romano. Nesse período, o principal autor foi Eusébio de Cesaréia. Dentre os últimos gregos destacaram-se, no século IV, Gregório Nazianzeno, Gregório de Nissa e João Damasceno.
            Os maiores nomes da patrística latina foram Ambrósio, Jerônimo (tradutor da Bíblia para o latim) e Agostinho, este considerado o mais importante filósofo em toda a patrística. Além de sistematizar as doutrinas fundamentais do cristianismo, desenvolveu as teses que constituíram a base da filosofia cristã durante muitos séculos. Os principais temas que abordou foram as relações entre a fé e a razão, a natureza do conhecimento, o conceito de Deus e da criação do mundo, a questão do mal e a filosofia da história.
  
DIVISÃO
            Os Pais da Igreja pode ser dividido em três grandes grupos: Pais apostólicos, Apologistas e Polemistas. Todavia devemos levar em conta que muitos deles possa se enquadrar em mais de um grupo devido a vasta literatura que produziram para a edificação e defesa do Cristianismo, e também de acordo com o que as circunstancias exigiam, como é o caso de Tertuliano, considerado o pai da teologia latina. Sendo assim então temos:
            Pais apostólicos: Foram aqueles que tiveram relação mais ou menos direta com os apóstolos e escreveram para a edificação da Igreja, geralmente entre o primeiro e segundo século. Os mais importantes destes foram, Clemente de Roma, Inácio de Antioquia, Papias e Policarpo.
            Apologistas: Foram aqueles que empregaram todas suas habilidades literárias em defesa do Cristianismo perante a perseguição do Estado. Geralmente este grupo se situa no segundo século e os mais proeminentes entre eles foram: Tertuliano, Justino, o mártir, Teófilo, Aristides e outros.
            Polemistas: Os pais desse grupo não mediram esforços para defender a fé cristã das falsas doutrinas surgidas fora e dentro da Igreja. Geralmente estão situados no terceiro século. Os mais destacados entre eles foram: Irineu, Tertuliano, Cipriano e Origenes.

O PERÍODO PATRÍSTICO - c. 100 – 451
             O termo “patrístico” vem da palavra latina pater, “pai”, e tanto designa o período referente aos pais da igreja quanto às idéias características que se desenvolveram ao longo desse período. O período Patrístico frequentemente é considerado como o período a partir do término dos documentos do Novo Testamento (c. 100) até o decisivo Concílio da Calcedônia (451). Sua literatura é de altíssima importância para o cristianismo, pois através deles é que podemos saber o que a Igreja primitiva pregava e qual foi a fé dos primeiros cristãos. Esta pode ser dividida em 3 períodos:
 Período Ante-Niceno - corresponde ao período anterior ao Grande Concílio Ecumênico de Nicéia (324 d.C). Geralmente compreende os escritos surgidos entre o I e Início do IV Séculos.
  • Período Niceno - corresponde ao período entre os anos anteriores até alguns imediatamente posteriores ao Grande Concílio Ecumênico de Nicéia (324 d.C). Geralmente compreende os escritos surgidos entre o início do IV Século até o final deste.
  • Período Pós-Niceno - corresponde ao período que compreende entre os Séculos V ao VIII.
             O legado da Patrística foi passada à Escolástica.
 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 
ALTERNER, Berthold. STUIBER Alfred. Patrologia. 2a. Edição. São Paulo: Paulus, 2004.
DROBNER, Hubertus. Manual de Patrologia. Petrópolis: Vozes, 2003.
HAMMAN, AdalbErt G. Para ler os Padres da Igreja. 2a. Edição. São Paulo: Paulus, 1997.
SPINELLI, Miguel. “Helenização e Recriação de Sentidos. A filosofia na época da expansão do cristianismo, séculos II, III, e IV”. Porto Alegre: Edipucrs, 2002.

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